Quando o imperador romano Júlio César, mandou publicar a Acta Diurna Populi Romani, (Relatos diários do povo romano), certamente escritos à mão e em papiro, por volta do ano 59 a.c., não previa que uma forma diferente de comunicação surgisse com a invenção da impressão pelo alemão Johann Gutenberg, no ano de 1447.
A partir daí, ficou facilitado o processo de comunicação escrita, com a impressão em massa de livros e de outros documentos, o primeiro dos quais foi a Bíblia que durou 5 anos a fazer, e cabe aos monges a grande tarefa do seu desenvolvimento.
Segundo a Associação Mundial de Jornais, a Suécia mantém ainda em circulação o jornal mais antigo - Post-och Inrikes Tidningar, criado em 1645.
São muitos os títulos de imprensa centenários e podemos orgulhar-nos de se publicar, nos Açores, o título mais antigo do país e um dos mais antigos da Europa – “O Açoriano Oriental”.
A revolução causada pelas Novas Tecnologias da Informação (TIC) que depressa se democratizaram, constitui, hoje, um desafio aos jornais e aos media em geral.
Em 2010, cerca de 63% dos lares portugueses, segundo o Eurostat, acediam à internet e os utilizadores mantinham-se online, cerca de 5 horas diárias. Outros estudos revelam também que os portugueses lideram na Europa as consultas às redes sociais, se bem que não se inclua a consulta a outras plataformas informativas.
É todo um mundo novo que se abre, de imediato e em qualquer parte, a milhões de pessoas, que acedem, facilmente, a conteúdos de toda a espécie distribuídos por redes sociais e plataformas que globalizam, sobre a hora, pequenos e grandes acontecimentos documentados e comentados com som e imagem.
Esta revolução afectou as audiências de todos os media: imprensa, rádio, televisão, cinema e até os livros.
É uma evidência que muitos resistem em admitir. Mas só há uma alternativa: embarcar na corrente da mudança e utilizar ao máximo todos os dispositivos que as redes sociais e outras plataformas digitais oferecem.
É o que têm feito, com sucesso, jornais de grande tiragem como o New York Times e ainda recentemente o conceituado diário londrino Financial Times, fundado em 1888. A aposta no digital é entendida pelo director deste jornal como uma “grande mudança cultural”, reconhecendo também que os meios de comunicação concorrentes estão “a aproveitar a tecnologia para revolucionar o negócio dos media, através de agregação e personalização das redes sociais”. A experiência feita antes desta opção editorial, revela que “as subscrições digitais excederam a circulação em papel: aumentaram para mais de 300 mil e os utilizadores activos 4,8 milhões”, diz o site do Finantial Times. Por isso conclui: “Este caminho parece ser uma aposta ganha.”
A pequena dimensão e dificuldades dos media açorianos não podem impedir que eles beneficiem, igualmente, do universo digital e comunicacional ultrapassando as fronteiras da ilha.
Há, um potencial mercado que emigrou, há dezenas de anos, para a América do Norte e que continua com ligações muito estreitas ao arquipélago, a quem se pode oferecer conteúdos informativos online gratuitos ou pagos, mas permanentemente actualizados, que respondam ao interesse dos leitores em rede e deles partilhem informações sobre o que se passa nas suas áreas de residência, como faziam, outrora, os correspondentes.
A tradicional imagem do jornalista de secretária e do repórter de caneta, bloco de notas e mini-gravador, vai sendo, gradualmente, substituída pela do reporter com câmara digital e telemóvel, que, do local onde se encontra, emite, directamente para a sua plataforma digital, a informação recolhida.
A ligação permanente à internet desvalorizou o TJ da noite, o noticiário da uma e o jornal diário.
Esta situação coloca um grande desafio aos media e também ao Diário dos Açores, o quotidiano mais antigo do Arquipélago, ao celebrar 144 anos de vida. Que saiba responder às virtualidades que proporcionam as TIC, em busca de um jornalismo mais dinâmico e interativo, são os meus sinceros votos.
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